COMO DECIDEM OS JUÍZES? COMPARANDO OS MODELOS FORMAIS EXPLICATIVOS DO COMPORTAMENTO JUDICIAL.
DOI:
https://doi.org/10.21783/rei.v6i1.372Palavras-chave:
revisão judicial, controle de constitucionalidade, judicialização, modelos empíricos, legalista, atitudinal e estratégicoResumo
Como decidem os juízes? Modelos formais de pesquisa são desenvolvidos e aplicados para permitir a interpretação de dados empíricos sobre os fenômenos concretos e a explicação destes fenômenos, mediante rígidas regras de inferência. São utilizados porque exercem o papel de realizar a interseção entre a teoria pura e os instrumentos metodológicos, sistematizando as informações colhidas e testando hipóteses relacionadas ao objeto de estudo, permitindo que pesquisas empíricas possam alcançar o conhecimento acerca de relações de causalidade entre diversas variáveis e o fenômeno factual que se pretende entender, in casu, as razões pelas quais há variação nas decisões judiciais. Os três modelos formais compilados neste trabalho oferecem explicações testáveis sobre o comportamento judicial, instruídos por variáveis que relacionam o resultado das decisões individuais ou coletivas a categorias jurídicas (legalista), a características prévias do julgador (atitudinal) e/ou à influência de outros atores ou de fatores externos ao Tribunal (estratégico). Este artigo realiza revisão sistemática dos referidos modelos, comparando suas características, de forma a auxiliar os leitores que desejem estudar empiricamente as decisões judiciais.
Downloads
Referências
Amaral‐Garcia, S.; Garoupa, N.; Grembi, V. (2009). Judicial independence and party politics in the Kelsenian Constitutional Courts: The case of Portugal. Journal of Empirical Legal Studies, 6 (2), 381-404.
ARGUELHES, D. W. (2014). Poder não é querer: preferências restritivas e redesenho institucional no Supremo Tribunal Federal pós-democratização. Universitas JUS, 25(1), pp.25–45.
ARGUELHES, D. W., e RIBEIRO, L. M. (2016). Criatura e/ou criador: transformações do Supremo Tribunal Federal sob a Constituição de 1988. Revista Direito GV, 12 (2), 405-440.
ARGUELHES, D. W., e HARTMANN, I. A. (2017). Timing Control without Docket Control: How Individual Justices Shape the Brazilian Supreme Court’s Agenda. Journal of Law and Courts, 5 (1), 105-140.
Baum, L. (1997). The Puzzle of Judicial Behavior. Ann Arbor, Univ. Mich. Press.
______. (2009). Judges and their audiences: A perspective on judicial behavior. Princeton University Press.
BOBBIO, N. (2004). Era dos direitos. Elsevier Brasil.
BOWIE, J. B.; SONGER, D. R. (2009). Assessing the Applicability of Strategic Theory to Explain Decision Making on the Courts of Appeals. Political Research Quarterly, June, vol. 62, no. 2, 393-407.
CALDEIRA, G. A., WRIGHT, J. R., & ZORN, C. J. (1999). Sophisticated voting and gate-keeping in the Supreme Court. Journal of Law, Economics, and Organization, 15(3), 549-572.
CARVALHO, A. D. Z. de (2016). Imagens da imparcialidade: entre o discurso constitucional e a prática judicial. 311 f. Tese [Doutorado em Direito] — Universidade de Brasília, Brasília.
CARVALHO, E. R. de (2004). Em busca da judicialização da política no Brasil: apontamentos para uma nova abordagem. Revista de Sociologia e Política, (23), 127-13
CLAYTON, C. W. (1999). The Supreme Court and Political Jurisprudence: New and Old institutionalisms. In: CLAYTON, Cornell W.; GILLMAN, Howard (Ed.). Supreme Court Decision-Making: new institucionalist approaches. Chicago, University of Chicago Press.
COOK, B. B. (1994). A critique of Supreme Court’s 1982 agenda: alternatives to the NYU legal model. The Justice System Journal, vol.17, n.2, p.135-151.
DAHL, R. A. (1957). Decision-making in a democracy: The Supreme Court as a national policy-maker. Journal of Public Law, 6, 279.
______. (1973). Polyarchy: Participation and opposition. Yale University Press.
CASTRO, M. F. (1997). The courts, law, and democracy in Brazil. International Social Science Journal, 49(152), 241-252.
Cross, F. B.; Lindquist, S. A. (2006). Scientific Study of Judicial Activism, The Minnesota Law Review, 91, p.1752.
ELSTER, J. (1979). Ulysses and the sirens: Studies in rationality and irrationality (Vol. 1). Cambridge: Cambridge University Press.
______. (2000). Ulysses unbound: Studies in rationality, precommitment, and constraints. Cambridge University Press.
EPSTEIN, L.; KNIGHT, J. (1998). The Choices Justices Make. Washington, D. C., Congressional Quarterly.
Epstein, L., e Segal, J. A. (2005). Advice And Consent: The Politics Of Judicial Appointments. Oxford, Oxford University Press.
Epstein, L.; Walker, T. G. (2007). Constitutional Law for a Changing America: Institutional Powers and Constraints. Washington, D.C., Congressional Quarterly Press.
EPSTEIN, L.; JACOBI, T. (2010). The strategic analysis of judicial decisions. Annual Review of Law and Social Science, v. 6, p. 341-358.
EPSTEIN, L., LANDES, W. M., e POSNER, R. A. (2011). Why (and When) Judges Dissent: A Theoretical and Empirical Analysis. Journal of Legal Analysis, 3 (1), 101-137.
EPSTEIN, L. e KNIGHT, J. (2013). Reconsidering judicial preferences. Political Science, 16(1), 11.
EPSTEIN, L. e MARTIN, A. D. (2014). An introduction to empirical legal research. Oxford University Press.
ESTREICHER, S. e SEXTON, J. (1986). Redefining the Supreme Court’s Role: A Theory of Managing the Federal Judicial System. New Haven, CT: Yale University Press.
FALCÃO, J. (2015). O Supremo: compreenda o poder, as razões e as consequências das decisões da mais alta Corte do Judiciário no Brasil. Rio de Janeiro, Edições de Janeiro, Fundação Getúlio Vargas.
FIORINA, M. P. (1975). Formal models in Political Science. American Journal of Political Science, vol.19, n.1 (Feb), pp.133-159.
Gely, R., e Spiller, P. T. (1992). The political economy of Supreme Court constitutional decisions: the case of Roosevelt's court-packing plan. International Review Of Law And Economics, 12(1), 45-67.
GIBSON, J. L. (2008). Challenges to the impartiality of state supreme courts: Legitimacy theory and “new-style” judicial campaigns. American Political Science Review, v. 102, n. 01, p. 59-75.
Gillman, H. (2001). What's Law Got to Do with It? Judicial Behavioralists Test the “Legal Model” of Judicial Decision Making. Law & Social Inquiry, 26 (2), 465-504.
GILLMAN, H.; CLAYTON, C. W. (1999). Beyond Judicial Attitudes: Institutional approaches to Supreme Court Decision-Making. In: CLAYTON, Cornell W.; GILLMAN, Howard (Ed.). Supreme Court Decision-Making: new institucionalist approaches. Chicago, University of Chicago Press
Ginsburg, T. (2003). Judicial review in new democracies: Constitutional courts in Asian cases. Cambridge University Press.
GOMES NETO, J. M. W. (2012). As várias faces de um leviathan togado: um espectro das abordagens teóricas em ciência política acerca do fenômeno da judicial politics. Mnemonise Revista, v. 3, p. 107-120.
GOMES NETO, J. M. W (2015). Pretores estratégicos: por que o Judiciário decide a favor do Poder Executivo e contra suas próprias decisões? : análise empírica dos pedidos de suspensão apresentados ao STF (1993-2012). Tese (Doutorado em Ciência Política), Universidade Federal de Pernambuco, Recife.
GRABER, M. A. (1993). The nonmajoritarian difficulty: Legislative deference to the judiciary. Studies in American political development, 7(01), 35-73.
HECKMAN, J. J. (2005). The scientific model of causality. Sociological Methodology, Vol. 35, pp. 1-97.
HEISE, M. (2002). Past, Present, and Future of Empirical Legal Scholarship: Judicial Decision-Making and the New Empiricism, The University of Illinois Law Review, 819-850.
HELMKE, G. (2002). The logic of strategic defection: Court–executive relations in Argentina under dictatorship and democracy. American Political Science Review, 96(02), 291-303.
HIRSCH, R. (2004). Toward Juristocracy. Cambridge, Harvard University Press.
Jaloretto, M. F., & Mueller, B. P. M. (2011). O procedimento de escolha dos Ministros do Supremo Tribunal Federal – Uma análise empírica. EALR, Brasília, v. 2, nº 1, p. 170-187, jan-jun.
JOHNSON, C. A. (1987). Law, politics, and judicial decision making: Lower federal court uses of Supreme Court decisions. Law and Society Review, 325-340.
King, G., Keohane, R. O., & Verba, S. (1995). The importance of research design in political science. American Political Science Review, 89(02), 475-481.
McNOLLGAST. (1994). Politics and the courts: A positive theory of judicial doctrine and the rule of law. South California Law Review, 68, 1631.
MALTZMAN, F., SPRIGGS II, J. F., & WAHLBECK, Paul, J. (1999). Strategy and Judicial Choice: New Institutionalist Approaches to Supreme Court Decision-Making. In: CLAYTON, Cornell W.; GILLMAN, Howard (Ed.). Supreme Court Decision-Making: new institucionalist approaches. Chicago, University of Chicago Press.
MURPHY, W. (1964). Elements of judicial strategy. Chicago, University of Chicago Press.
MURPHY, W. et al. (2002). Courts, Judges & Politics. An introduction to the judicial process. New York: Mc Graw Hill.
NAGEL, S. S. (1962). Testing Relations between Judicial Characteristics and Judicial Decision. The Western Political Quarterly, Vol. 15, No. 3, pp. 425-437.
NAGEL, S.; NEEF, M (1977). Models Of Judicial Decision-Making. In: JOHNSON, G. W. (ed.) American Political Science Research Guide, vol.1. New York, IFI/Plenum Data Company.
OLIVEIRA, F. L. (2012). SUPREMO RELATOR: Processo decisório e mudanças na composição do STF nos governos FHC e LULA. Revista Brasileira de Ciências Sociais, vol. 27, n.80, p.89-115.
Posner, R. A. (1983). Meaning of Judicial Self-Restraint, The Indiana Law Journal, v59, n.1.
______. (2008). How judges think. Cambridge, Harvard University Press.
Pritchett, C. H., 1968. Public Law and Judicial Behavior. The Journal of Politics, 30(2), pp.480-509
RIBEIRO, L. M., e ARGUELHES, D. W. (2013). Preferências, Estratégias e Motivações: Pressupostos institucionais de teorias sobre comportamento judicial e sua transposição para o caso brasileiro. Revista Direito e Práxis, 4 (7).
SCHUBERT, G. A. (1958). The Study of Judicial Decision-Making as an Aspect of Political Behavior. The American Political Science Review, Vol. 52, No. 4, pp. 1007-1025.
SEGAL, J. A. (1984). Predicting Supreme Court cases probabilistically: The search and seizure cases, 1962-1981. American Political Science Review, 78(04), 891-900.
SEGAL, J. A.; EPSTEIN, L.; CAMERON, C. M.; SPAETH, H. J. (1995). Ideological Values and the Votes of U.S. Supreme Court Justices Revisited. The Journal of Politics, vol.57, issue 3, August, p.812-823.
SEGAL, J. A.; SPAETH, H. J. (2002). The Supreme Court and the attitudinal model revisited. New York, Cambridge University Press.
SEGAL, Jeffrey A. (2008). Judicial Behavior. In: WHITTINGTON, K. E.; KELEMEN, R. D.; CALDEIRA, G. A (eds.) The Oxford Handbook of Law and Politics. Oxford: Oxford University Press.
Serrano, S. B. (2008). Las preferencias ideológicas y políticas judiciales: un modelo actitudinal sobre el voto en el tribunal constitucional de ecuador. América Latina Hoy, 49, p.157-177.
Shapiro, M. M., & Sweet, A. S. (2002). On law, politics, and judicialization. Oxford: Oxford University Press.
SPILLER, P.; GELY, R. (2008). Strategic judicial decision-making. In: WHITTINGTON, K. et al. (org.). The Oxford Handbook of Law and Politics. Oxford, Oxford University Press.
Sunstein, C. R., SCHKADE, D., & ELLMAN, L. M. (2004). Ideological voting on federal courts of appeals: A preliminary investigation. Virginia Law Review, 301-354.
Sunstein, C. R. et al. (2006). Are judges political? An empirical analysis of the Federal Judiciary. Washington DC, The Brookings Institution.
Tarr, G. (2012). Judicial process and judicial policymaking. Cengage Learning.
TATE, C. N. (1995). Why the expansion of Judicial Power? In: VALLINDER, T.; TATE, C. N. The Global Expansion of Judicial Power: The Judicialization of Politics. New York, New York University Press.
TAYLOR, M. (2005). Citizens against the state: the riddle of high impact, low functionality courts in Brazil. Brazilian Journal of Political Economy, vol.25, n.4 (100), October-December.
TAYLOR, M. M. (2008). Judging policy: Courts and Policy Reform in Democratic Brazil. Stanford: Stanford University Press.
TAYLOR, M. M.; DA ROS, L. (2008). Os partidos dentro e fora do poder: judicialização como resultado contingente da estratégia política. Revista Brasileira de Ciências Sociais, Rio de Janeiro, vol. 51, n.4, p.825-864.
VALLINDER, T. (1995). When the Courts Go Marching In: VALLINDER, T.; TATE, C. N. The Global Expansion of Judicial Power: The Judicialization of Politics. New York, New York University Press.
VALLINDER, T.; TATE, C. N. (1995). The Global Expansion of Judicial Power: The Judicialization of Politics. New York, New York University Press.
VIANNA, L. W. (2003). Judicialização da política. In: AVRITZER, Leonardo et al. (orgs.). Dimensões políticas da justiça. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira.
VIANNA, L. W.; CARVALHO, M. A. R. de; MELO, M. P. C.; BURGOS, M. B. (1999). A judicialização da política e das relações sociais no Brasil. Rio de Janeiro, Revan.
VIANNA, L. W., BURGOS, M. B., SALLES, P. M. (2007). Dezessete anos de judicialização da política. Tempo social, Nov. , vol.19, no.2, p.39-85
WEINGAST, B. R. (1997). The political foundations of democracy and the rule of the law. American political science review, 91(02), 245-263.
WHITTINGTON, K. E. (2005). “Interpose your friendly hand”: political supports for the exercise of judicial review by the United States Supreme Court. American Political Science Review, 99(04), 583-596.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
- Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online após a publicação na revista.