A GOVERNANÇA EM SUAS MÚLTIPLAS FORMAS DE EXPRESSÃO: O DELINEAMENTO CONCEITUAL DE UM FENÔMENO COMPLEXO
DOI:
https://doi.org/10.21783/rei.v2i2.64Palavras-chave:
Governança, Governo, Regulação Jurídica, Sociologia Jurídica, Tomada de DecisãoResumo
Este artigo analisa o fenômeno da governança em suas diversas formas de expressão. Assim, em primeiro lugar, com o intuito de sublinhar a importância do referido fenômeno, procura situá-lo, em termos introdutórios, no contexto contemporâneo. Feita essa introdução, é realizado um breve contraste entre os conceitos de governança e de governo. Em seguida, para explicitar a complexidade do fenômeno da governança, é empreendia uma análise de suas diversas formas de expressão. Para tanto, pelo ângulo da sociologia jurídica, são analisadas, sucessivamente, a “governança corporativa”, a “governança global”, a “governança dos blocos regionais”, a “governança nacional” e, finalmente, a “governança local”. Após essa análise, a governança é abordada como instrumento de participação para a tomada de decisões a partir de uma sistemática oposta ao modelo top down. Por fim, em termos conclusivos, é feito um exame da progressiva centralidade assumida pelo conceito no debate contemporâneo e da polissemia que o caracteriza.Downloads
Referências
ARNAUD, André-Jean. Critique de la raison juridique 1. Où va la sociologie du droit? Paris: LGDJ, 1981.
ARNAUD, André-Jean. Critique de la raison juridique 2. Gouvernants sans frontières. Entre mondialisation et post-mondialisation. Paris: LGDJ, 2003.
ARNAUD, André-Jean. De la régulation par le droit à l’heure de la globalisation. Quelques observations critiques. Droit et Société, v. 35, p. 11-35, 1997.
ARNAUD, André-Jean. Entre modernité et mondialisation. Leçons d’histoire de la philosophie du droit et de l’État. 2. ed. Paris: LGDJ, 2004.
ARNAUD, André-Jean. Gouvernance (Bonne-). Gouvernance. In: ______ (Dir.). Dictionnaire de la globalisation – droit, science politique, sciences sociales. Paris: LGDJ, 2010. p. 269-270.
ARNAUD, André-Jean. La gouvernance. Un outil de participation. Paris: LGDJ, 2014.
ARNAUD, André-Jean; COTTERRELL, Roger. Comment penser le multiculturalisme en droit? L’Observateur des Nations Unies, v. 23, n. 2, p. 1-33, 2007.
ARNAUD, André-Jean; SIMOULIN, Vincent. Gouvernance. In: ARNAUD, André-Jean (Dir.). Dictionnaire de la globalisation – droit, science politique, sciences sociales. Paris: LGDJ, 2010. p. 266-269.
BARON, Catherine. La gouvernance: débats autour d’un concept polysémique. Droit et Société, v. 54, p. 329-349, 2003.
BOURDIEU, Pierre. Esprits d’État [Genèse et structure du champ bureaucratique]. Actes de la Recherche en Sciences Sociales, v. 96-97, p. 49-62, Mars. 1993.
BOURDIEU, Pierre. Sur l’État. Cours au Collège de France 1989-1992. Paris: Seuil, 2012.
CAMPILONGO, Celso Fernandes. Interpretação do direito e movimentos sociais. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012.
CAPELLER, Wanda. Relire Giddens. Entre sociologie et politique. Paris: LGDJ, 2011.
CAPELLER, Wanda. RSE et gouvernances solidaires au Brésil: entre nouvelles formes de socialité et nouveaux espaces publiques. Sociologies Pratiques, n. 18, p. 79-90, 2009.
CAPELLER, Wanda; SIMOULIN, Vincent. La gouvernance: du programme de recherche à la transdiciplinarité (Présentation). Droit et Société, v. 54, p. 301-305, 2003.
CHEVALLIER, Jacques. La régulation juridique en question. Droit et Société, v. 49, p. 827-846, 2001.
CHEVALLIER, Jacques. L’État. Paris: Dalloz, 2011.
CHEVALLIER, Jacques. L’État post-moderne. 3. éd. Paris: LGDJ, 2008.
COMMAILLE, Jacques. À quoi nous sert le droit? Paris: Gallimard, 2015.
DELMAS-MARTY, Mireille. Gouvernance et état de droit. In: BELLINA, Séverine; MAGRO, Hervé; VILLEMEUR, Violaine de (Dir.). La gouvernance démocratique. Un nouveau paradigme pour le développement? Paris: Karthala, 2008, p. 213-250.
DELMAS-MARTY, Mireille. Le flou du droit. Paris: PUF, 2004.
DELMAS-MARTY, Mireille. Les forces imaginantes du droit. Le relatif et l’universel. Paris: Seuil, 2004.
DELMAS-MARTY, Mireille. Les forces imaginantes du droit (II). Le pluralisme ordonné. Paris: Seuil, 2006.
DELPEUCH, Thierry; DUMOULIN, Laurence; GALEMBERT, Claire de. Sociologie du droit et de la justice. Paris: Armand Colin, 2014.
DELPLANQUE, Marc. Gouvernance globale. In: ARNAUD, André-Jean (Dir.). Dictionnaire de la globalisation – droit, science politique, sciences sociales. Paris: LGDJ, 2010. p. 272-275.
DUPUY, Claude; LEROUX, Isabelle; WALLET, Frédéric. Conflits, négociation et gouvernance territoriale. Droit et Société, v. 54, p. 377-396, 2003.
DURAN, Patrice. Gouvernance. Revue Politiques et Management Public, v. 16, n. 4, p. 3-4, 1998.
EBERHARD, Christoph. Le droit au miroir des cultures. Pour une autre mondialisation. Paris: LGDJ, 2010.
EBERHARD, Christoph. O direito no mundo globalizado: em direção à “boa governança” através do diálogo intercultural. Direito, Estado e Sociedade, n. 33, p. 6-18, jul./dez. 2008.
EBERHARD, Christoph. Vers une gouvernance responsable? La justice face aux alternatives émergentes. Cahiers d’anthropologie du droit - hors série (Le courage des alternatives). Paris: Karthala, 2012, p. 249-271.
FARIA, José Eduardo. O Estado e do direito depois da crise. São Paulo: Saraiva, 2011.
FARIA, José Eduardo. Sociologia jurídica: direito e conjuntura. São Paulo: Saraiva, 2010.
FONSECA, Márcio Alves da. Michel Foucault e o direito. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2012.
FONSECA, Márcio Alves da; GONÇALVES, Guilherme Leite; CANAPARO, Claudio. Governabilité. In: ARNAUD, André-Jean (Dir.). Dictionnaire de la globalisation – droit, science politique, sciences sociales. Paris: LGDJ, 2010. p. 263-266.
FOUCAULT, Michel. A governamentalidade. In: ______. Microfísica do poder. 11. ed. Rio de Janeiro: Graal, 1993. p. 277-293.
GROS, Frédéric. Michel Foucault. 4. éd. Paris: PUF, 2010.
HARDT, Michael; NEGRI, Antonio. Empire. Massachusetts: Harvard University Press, 2000.
HELD, David. Democracy and the Global Order: from the Modern State to Cosmopolitan Governance. Stanford: Stanford University Press, 1995.
HELD, David. Reframing Global Governance: Apocalypse Soon or Reform! New Political Economy, v. 11, n. 2, p. 157-176, jun. 2006.
ISLA, Anne. Pour une économie institutionnelle et organisationnelle du droit: la gouvernance dans l’Union européenne. Droit et Société, v. 54, p. 353-373, 2003.
JESSOP, Bob. The regulation approach, governance and post-Fordism: alternative perspectives on economic and political change? Economy and society. 24 (3), p. 307-333, 1995.
KOSELLECK, Reinhart. Uma história dos conceitos: problemas teóricos e práticos. In: Estudos históricos. Rio de Janeiro, 5 (10), 1992, p. 134.
KOSELLECK, Reinhart. Vergangene Zukunft. Zur Semantik geschichtlicher Zeiten. Frankfurt am Main: Suhrkamp, 1989. [trad. port. Futuro passado: contribuição à semântica dos tempos históricos. Trad. Wilma Patrícia Maas e Carlos Almeida Pereira. Rio de Janeiro: Contraponto: Ed. PUC-Rio, 2006].
LE GALÈS, Patrick. Régulation, gouvernance et territoire. In : COMMAILLE, Jacques; JOBERT, Bruno (Éds.). Les métamorphoses de la régulation politique. Paris : LGDJ, 1998, p. 203-240.
LE ROY, Étienne. Le jeu des lois. Une anthropologie “dynamique” du Droit. Paris: LGDJ, 1999.
LE ROY, Étienne. Gouverner la néo-modernité africaine? Cahiers d’anthropologie du droit – numéro spécial (Droit, gouvernance et développement durable). Paris: Karthala, 2005, p. 183-196.
LOCHAGIN, Gabriel Loretto. Lições latino-americanas para um mundo em crise: apontamentos para a governança internacional da dívida pública. In: LAGOS, Ricardo (Coord.). A América Latina no mundo: desenvolvimento regional e governança internacional. São Paulo: Edusp, 2014, p. 225-237.
MATTEI, Ugo; NADER, Laura. Plunder: when the rule of law is illegal. Oxford: Blackwell Publishing, 2008.
MOREAU DEFARGES, Philippe. La gouvernance. 5e éd. Paris : Presses Universitaires de France, 2015. (Que sais-je?)
OLIVEIRA, Alessandra Cavalcante de. Aliança do Pacífico: desenvolvimento regional e governança internacional. In: LAGOS, Ricardo (Coord.). A América Latina no mundo: desenvolvimento regional e governança internacional. São Paulo: Edusp, 2014, p. 213-224.
ORTIZ, Laure. Preface. In: ARNAUD, André-Jean. La gouvernance. Un outil de participation. Paris: LGDJ, 2014, p. I-VIII.
PUCCI, Rafael Diniz. Governança ambiental e sistema financeiro internacional: significantes e significados de complexa comunicação na agenda contemporânea. Revista da Faculdade de Direito da USP, v. 110, p. 641-673, jan.-dez. 2015.
ROSANVALLON, Pierre. La contre-démocratie: la politique à l’âge de la défiance. Paris: Seuil, 2006.
ROSANVALLON, Pierre. La légitimité démocratique: impartialité, réflexivité, proximité. Paris: Seuil, 2008.
ROSANVALLON, Pierre. Légitimité démocratique et gouvernance. Chroniques de la gouvernance 2009-2010. Paris: Éditions Charles Léopold Mayer, 2009. p. 13-18.
ROSENAU, James N. “Governança, Ordem e Transformação na Politica Mundial”. In: ROSENAU, James N.; CZEMPIEL, Ernst-Otto (Orgs.). Governança sem governo: ordem e transformação na política mundial. Tradução Sérgio Bath. Brasília: UnB; São Paulo: Imprensa Oficial do Estado, 2000, p. 11-46.
ROSS, Kristin. Démocratie à vendre. In: AGAMBEN, Giorgio et al. (Org.). Démocratie dans quel état? Paris: La Fabrique, 2009. p. 101-121.
ROULAND, Norbert. Nos confins do direito. Tradução de Maria Ermantina de Almeida Prado Galvão. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
SANTOS, Boaventura de Sousa. Para um novo senso comum: a ciência, o direito e a política na transição paradigmática (v. 1. A crítica da razão indolente: contra o desperdício da experiência). 4ª ed. São Paulo: Cortez, 2002.
SIMOULIN, Vincent. La gouvernance et l’action publique: le succès d’une forme simmélienne. Droit et Société, v. 54, p. 307-326, 2003.
SUPIOT, Alain. Homo juridicus. Essai sur la fonction anthropologique du Droit. Paris: Seuil, 2005.
SUPIOT, Alain. L'Esprit de Philadelphie. La justice sociale face au marché total. Paris: Éditions du Seuil, 2010.
VILLAS BÔAS FILHO, Orlando. A historicidade da dogmática jurídica: uma abordagem a partir da Begriffsgeschichte de Reinhart Koselleck. In: RODRIGUEZ, José Rodrigo; SILVA E COSTA, Carlos Eduardo Batalha da; BARBOSA, Samuel Rodriguez (Org.). Nas fronteiras do formalismo: a função da dogmática jurídica hoje. São Paulo: Saraiva, 2010, p. 27-61.
VILLAS BÔAS FILHO, Orlando. As transformações da regulação jurídica na sociedade contemporânea: a governança como paradigma (resenha de ARNAUD, André-Jean. La gouvernance. Un outil de participation. Paris: LGDJ, 2014). Revista Direito GV, v. 12, n. 1, p. 251-259, jan.-abr. 2016.
VILLAS BÔAS FILHO, Orlando. Democracia: a polissemia de um conceito político fundamental. Revista da Faculdade de Direito da USP, v. 108, p. 651-696, jan.-dez. 2013.
VILLAS BÔAS FILHO, Orlando. Direito e liberdade: algumas considerações acerca de uma abordagem atenta à historicidade dos conceitos. In: BITTAR, Eduardo Carlos Bianca; ADEODATO, João Maurício (Org.). Filosofia e teoria geral do direito: homenagem a Tercio Sampaio Ferraz Junior. São Paulo: Quartier Latin, 2011. p. 917-941.
VILLAS BÔAS FILHO, Orlando. O impacto da governança sobre a regulação jurídica contemporânea: uma abordagem a partir de André-Jean Arnaud. REDES – Revista eletrônica direito e sociedade, v. 4, n. 1. p. 145-171, 2016.
XIFRA, Jordi. Qué es transparencia (si existe en relaciones públicas)? In: FARIAS, Luiz Alberto de; LOPES, Valéria de Siqueira Castro (Orgs.). Comunicação, governança e organizações. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2016, p. 19-30.
XUE-BACQUET, Beinan; COLLETS, Gabriel. Gouvernance d’entreprise. In: ARNAUD, André-Jean (Dir.). Dictionnaire de la globalisation – droit, science politique, sciences sociales. Paris: LGDJ, 2010. p. 270-272.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
- Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online após a publicação na revista.