HORIZONTALIDADE ESTATAL E NEODISCRICIONARIEDADE ADMINISTRATIVA: REDEFINIÇÕES DA PARAMETRICIDADE DA ADVOCACIA PÚBLICA NA SINDICABILIDADE DEMOCRÁTICA

Autores

  • Luis Cláudio Martins de Araújo Doutor em Direito pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).

DOI:

https://doi.org/10.21783/rei.v5i2.390

Palavras-chave:

Estado Democrático de Direito, Horizontalidade Estatal, Advocacia Pública, Desjudicialização e Extrajudicialização

Resumo

O direito administrativo passa nos dias atuais por uma profunda mutação em suas bases teóricas e dogmáticas. Com a evolução do Estado de direito para o Estado democrático de direito e a superação de tradicionais paradigmas, o moderno direito administrativo precisa dispor de uma metodologia não mais formalista, próprio das concepções positivistas. Neste cenário, a ideia de horizontalidade estatal, em um modelo de administração concertada, pelo qual a administração pública, em princípio, abdica à imposição de seu próprio critério de forma imperativa e unilateral e se esforça para encontrar um ponto de equilíbrio adequado entre os interesses públicos que deve perseguir e os interesses particulares das pessoas física e jurídicas, deve ser a tônica da atuação estatal. Ademais, o fenômeno da desjudicialização ou extrajudicialização do direito, caracterizado pelo deslocamento de competências do Poder Judiciário para órgãos extrajudiciais, vem se desenvolvendo em diversas searas. Dentro desta perspectiva de maior democratização do Estado de Direito, deve-se realizar a atividade institucional da Advocacia Pública seja do ponto de vista jurídico-político, seja no desempenho de suas funções e competências, por meio de mecanismos que, ao propiciarem diálogos entre as partes envolvidas em controvérsia, tentam buscar maior segurança jurídica e estabilidade institucional.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Luis Cláudio Martins de Araújo, Doutor em Direito pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).

Professor da graduação e pós-graduação da Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (IBMEC). Professor do Doutorado e Mestrado da Universidade Veiga de Almeida (UVA). Professor convidado da pós-graduação da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro (EMERJ), da Escola da Advocacia-Geral da União (EAGU), da Escola de Administração Judiciária do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (ESAJ) e da Universidade Cândido Mendes (UCAM).

Referências

ACKERMAN, Bruce. New separation of powers. Harvard Law Review, v. 133, 2000.

ALEXY, Robert. Teoria dos direitos fundamentais. Tradução de Virgílio A. da Silva. São Paulo: Malheiros, 2008.

ALVES, Waldir. Controle de convencionalidade das normas internas em face dos tratados e convenções internacionais sobre Direitos Humanos equivalentes às Emendas Constitucionais. In: MARINONI, Luiz Guilherme; MAZZUOLI, Valerio de Oliveira (coords.). Controle de convencionalidade: um panorama latino-americano: Brasil, Argentina, Chile, México, Peru, Uruguai. Brasília: Gazeta Jurídica, 2013.

BARROSO, Luís Roberto. Curso de direito constitucional contemporâneo: os conceitos fundamentais e a construção do novo modelo. São Paulo: Editora Saraiva, 2009.

BARROSO, Luís Roberto. Judicialização, ativismo e legitimidade democrática. Disponível em: <http://www.oab.org.br/editora/revista/users/revista/ 1235066670174218181901.pdf>. Acesso em: 13 Jan. 2013.

BINENBOJM, Gustavo. Uma teoria do direito administrativo: direitos fundamentais, democracia e constitucionalização. 2. ed. revista e atualizada. Rio de Janeiro: Renovar, 2008.

BINENBOJM, Gustavo. O Papel da Advocacia Pública na estabilidade jurídica e no desenvolvimento do país. In: Adriano Sant'ana Pedra, Julio Pinheiro Faro e Pedro Gallo Vieira. (Org.). Advocacia Pública de Estado: estudos comparativos nas democracias euro-americanas. 1. ed. Curitiba: Juruá, 2014.

BOLONHA, Carlos; EISENBERG, José; RANGEL, Henrique. Problemas institucionais do constitucionalismo contemporâneo. Revista Direitos Fundamentais & Justiça, v. 17, p. 288-309, 2011.

BOLONHA, Carlos; RANGEL, Henrique. Separação de Poderes da Europa aos EUA: mutações e o judicial review. Anais do XX Congresso Nacional do Conselho Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Direito. Florianópolis: Fundação Boiteux, 2011. p. 11132-11155.

BRANDÃO, Rodrigo. Supremacia judicial versus diálogos constitucionais: a quem cabe a última palavra sobre o sentido da constituição? Rio de Janeiro: Lúmen Júris, 2012.

CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito constitucional e teoria da Constituição. 4. ed. Coimbra: Almedina, 2001.

CRAIG, Paul; BÚRCA, Gráinne de. Eu law: text, cases and materials. Oxford: Oxford University Press, 2011.

DIXON, Weak-form judicial review and the American excepcionalism. Chicago Law School Public Law and Legal Theory Working Papers Series, n. 348, 2011.

DWORKIN, Ronald. Taking rights seriously. Londres: Harvard University Press, 1978.

GORDILLO, Agustín. Tratado de Derecho Administrativo, 1. Tomo: Parte general. 6a Ed.- Belo Horizonte: Del Rey, 2003.

GUEDES, Jefferson Carús. Anotações sobre ‘Logares’, Cargos e Carreiras da Procuradoria e da Advocacia Pública no Brasil: começo e meio de uma longa história em construção. In: GUEDES, Jefferson Carús; SOUZA, Luciane Moessa de (coords.). Advocacia de Estado: questões institucionais para a construção de um Estado de Justiça. Belo Horizonte: Fórum, 2009.

HABERMAS, Jürgen. La constelación postnacional. Ensayos políticos. Barcelona: Paidós, 2000.

HABERMAS, Jürgen Teoria de la accion comunicativa. Madrid: Taurus Ediciones, 1987.

HABERMAS, Jürgen. Between facts and norms: contributions to a discourse Theory of Law and Democracy. Translated by W. Regh. Cambridge: MIT Press, 1996.

HOGG, Peter; BUSHELL, Allison. The 'Charter' dialogue between Courts and Legislatures. Osgood Hall Law Journal, v. 35, n. 1, 1997.

JACKSON, Vicki C. Constitucional comparisons: convergence, resistance, engagement. Harvard Law Review, v. 119, p. 109- 114, 2005.

JUSTEN FILHO, Marçal. Curso de direito administrativo. Saraiva, 2010.

L’HEUREUX-DUBÉ, Claire. The Importance of dialogue: globalization and the international impact of the rehnquist court. Tulsa Law Journal, v. 34, 1998.

LECLAIR, Jean. Réflexions critiques au sujet de la métaphore du dialogue en droit constitutionnel canadien. Revue du Barreau, Numéro Spécial, 2003. Disponível em: <https://papyrus.bib.umontreal.ca/jspui/handle/1866/2549>. Acesso em: 10 jan. 2013.

LEVINSON, Daryl; PILDES, Richard. Separation of parties, not Powers. Harvard Law Review, v. 119, n. 1, 2006.

MARTINS DE ARAÚJO, Luis Cláudio. Novos Arranjos Institucionais: Redimensionamento das Capacidades Constitucionais pelo papel Dialógico-Democrático da Advocacia-Geral da União. Brasília, Revista da AGU, ANO X, n. 34, 2012.

MOREIRA, E. R. Argumentação jurídica e discurso constitucional. Revista Brasileira de Estudos Constitucionais, v. 11, p. 137-167, 2009.

OTERO, Paulo. Legalidade e Administração Pública. O Sentido da Vinculação Administrativa à Juridicidade. Coimbra: Almedina, 2011.

PEDRA, Adriano Sant'ana; VIEIRA ADRIANO, Pedro Gallo. Um inventário sobre a Advocacia de Estado no direito comparado sul-americano. In: Adriano Sant'ana Pedra, Julio Pinheiro Faro e Pedro Gallo Vieira. (Org.). Advocacia Pública de Estado: estudos comparativos nas democracias euro-americanas. 1. ed. Curitiba: Juruá, 2014.

PETTIT, Philip A. Two dimensional democracy: national and international. Disponível em: <http://ssrn.com/abstract= 871732>. Acesso em: 10 Jan. 2013.

POSNER, Eric A.; VERMEULE, Adrian. The executive unbound: after the madisonian republic. New York: Oxford University Press, 2011.

POST, Robert; SIEGEL, Reva. The roe rage: democratic constitutionalism and backlash. Harvard Civil Rights-Civil Liberties Law Review, v. 42, p. 373, 2007.

RAMÍREZ-ESCUDERO, Daniel Sarmiento. Responsabilidad de los Tribunales Nacionales y Derecho Comunitario. La responsabilidad de los Estados miembros por infracción del Derecho comunitario en vía judicial, a partir de la sentencia Köbler (C-224/01) del Tribunal de Justicia. Revista del Poder Judicial, n. 70, 2004.

RAMÍREZ-ESCUDERO, Daniel Sarmiento. Un paso más en la constitucionalización del tercer pilar, Cuadernos de Derecho Local, n. 3, 2003.

RAMÍREZ-ESCUDERO, Daniel Sarmiento. O sistema normativo da União Europeia e sua incorporação às ordens jurídicas dos Estados-membros. In: AMBOS, Kai; PEREIRA, Ana Cristina Paulo (Orgs.). Mercosul e União Europeia: perspectivas da integração regional. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2006.

RAWLS, John. A theory of justice. Harvard University Press, 1971.

RAWLS, John. Justiça e democracia. São Paulo: Martins Fontes, 2000a.

RAWLS, John. O liberalismo político. 2. ed. São Paulo: Editora Ática, 2000b.

SARLET, Ingo Wolfgang. A eficácia dos direitos fundamentais: uma teoria geral dos direitos fundamentais na perspectiva constitucional. Livraria do Advogado Editora, 2018.

SARMENTO, Daniel. Interesses públicos versus interesses privados: desconstruindo o princípio de supremacia do interesse público. Editora Lumen Juris, 2005.

SARMENTO, Daniel. Interesses Públicos vs. Interesses privados na perspectiva da teoria e da filosofia constitucional. In: SAMPAIO, José Adércio Leite (Org.). Constituição e crise política. Belo Horizonte: Del Rey, 2006

SUNSTEIN, Cass. Beyond Marbury: the Executive's power to say what the Law is. Chicago Law Scholl and Economics Working Papers Series, nº. 268, 2005.

SUNSTEIN, Cass. Designing democracy: what Constitutions do. Adelaide Law Review, v. 23, 397, 2002.

SUNSTEIN, Cass. Testing minimalism: a reply. Michigan Law Review, v. 104, p. 129, 2005.

SUNSTEIN, Cass; THAYLER, Richard; BALZ, John. Choice Archtecture. Working Papers Series, 2010. Disponível em: <http://papers.ssrn.com/sol3/papers.cfm?abstract_id=1583509>. Acesso em: 06 Fev. 2013.

SUNSTEIN, Cass R.; VERMEULE, Adrian. Interpretation and institutions. Chicago Public Law and Legal Theory Working Paper Series, n. 28, 2002.

SUNSTEIN, Cass R.; VERMEULE, Adrian. The interaction of democratic mechanisms. Harvard Law School Public Law and Legal Theory Working Paper Series, no. 09-22, 2009.

TREMBLAY, Luc. The legitimacy of judicial review: the limits of dialogue between courts and legislatures. International Journal of Constitutional Law, v. 3, n. 4, 2005.

VERMEULE, Adrian. Mechanisms of democracy: institutional design writ small. New York: Oxford University Press, 2007.

VERMEULE, Adrian. Second-best democracy. Harvard Law and Policy Review (Online), Dec. 4, 2006.

VERMEULE, Adrian. System Effects and the Constitution. Harvard Law School Paper, n. 642, 2009c.

WALDRON, Jeremy. Law and disagreement. Oxford University Press, 1999.

WALDRON, Jeremy. A right-based critique of constitutional rights, Oxford Journal of Legal Studies, v. 13, n. 18, p. 18-51, 1993.

WALZER, Michael. Pluralism and democracy. Paris: Editions Esprit, 1997.

Downloads

Publicado

2019-10-06

Como Citar

Araújo, L. C. M. de. (2019). HORIZONTALIDADE ESTATAL E NEODISCRICIONARIEDADE ADMINISTRATIVA: REDEFINIÇÕES DA PARAMETRICIDADE DA ADVOCACIA PÚBLICA NA SINDICABILIDADE DEMOCRÁTICA. REI - REVISTA ESTUDOS INSTITUCIONAIS, 5(2), 338–360. https://doi.org/10.21783/rei.v5i2.390

Edição

Seção

Dossiê